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O problema não é que a forrageira não presta

Valdinar 13 Dezembro, 2022

Palestra de Ana Maria Primavesi

"(...) A vaca não é um aparelho onde você coloca forragem em cima e embaixo sai leite. A vaca é um animal, é um ser vivo que sente conforto e desconforto. Se ela sente conforto, ela produz. E se ela sente desconforto, ela produz muito pouco. O problema não é que a forrageira não presta, é que vocês tiraram todas as árvores para abrir lugar para mais forrageiras. Vocês têm mais forrageiras mas o gado tem muito menos conforto, e mesmo com mais forragem produz menos. Então vocês têm de pensar, e a planta no fim no fim também sente conforto e desconforto. Então vocês sempre têm de ver como faço para criar conforto para a planta, para o animal. A gente pergunta: vale a pena criar um pouco de conforto? Se o gado se sente melhor? se o pasto se sente melhor? Então vamos criar e não só pensar em dinheiro porque o dinheiro simplesmente mata qualquer outro sentimento. Agora vocês têm de sentir um pouco de amor também para as plantas e os animais. "

(para ouvir Ana dizer o trecho acima: 
https://anamariaprimavesi.com.br/curiosidades/audios/  - Conversa com Ana Primavesi 1).

No final deste post, colocamos o link de uma palestra feita por  Ana Maria Primavesi em ppt sobre o gado leiteiro e o pasto. As fotos que ilustram este post foram feitas por ela em suas andanças e abaixo, complementamos esta postagem com um texto parte de seu livro sobre pastagens, porque apesar de se perceber as deficiências minerais, é preciso que se saibam as relações entre os macro e micronutrientes, explicadas nos livros: Manual do Solo Vivo e Micronutrientes: os Duendes Gigantes da Vida.

Ana Primavesi integrava os saberes. Assim é com sua obra: uma puxa a outra, complementando o conhecimento que vamos adquirindo aos poucos, estudando, observando e testando.

A produtividade de pastagens nativas

O gado necessita de muitos minerais, muitos aminoácidos e muitas enzimas diferentes. Toda essa diversificação só se consegue com plantas de muitas espécies diferentes porque a riqueza ou pobreza em minerais e aminoácidos é característica da espécie vegetal. O gado necessita de forragem abundante, nova, rica em proteínas e diversificada.

            Assim, por exemplo, grama-forquilha (Paspalum notatum) é pobre em cálcio, tanchagem (Plantago sp) é rica em boro, azevém é rico em manganês e pobre em cobre, enquanto o pangola é rico neste mineral. Aveia é rica em manganês, Calamagrostis armata e as festucas são pobres em potássio e cálcio, o capim-de-rodes é rico em zinco. As leguminosas são ricas em cálcio, fósforo e potássio; cornichão é especialmente rico em magnésio, etc. 

O mesmo acontece com os aminoácidos, enzimas, hormônios e vitaminas que são específicos da espécie vegetal. Se os animais devem ser bem nutridos e manter sua saúde, devem receber pastagem da mais diversificada possível. Também os animais não são máquinas que produzem sem parar. Sentem fome, frio e precisam de conforto. Tratá-los com respeito e carinho deve fazer parte da prática agropecuária.

            Ao lado das deficiências de substâncias vegetais, provocadas pela falta de minerais no solo, existem também as deficiências diretas de minerais que parcialmente podem ser supridas pela administração de sais minerais adicionados à ração ou dados nos cochos de sal, embora a absorção de muitos destes pelo intestino, como o zinco e o magnésio, seja muito deficiente.

            A pergunta é: quando é que surge a deficiência? Quando o solo é deficiente? Quando o animal sofre as consequências da falta de um ou de outro mineral?

            Em solos arenosos e úmidos, as deficiências geralmente são reais. Nessas condições, via de regra, a pobreza existe de fato e não há outra alternativa senão adubar com o elemento carente quando de 3 a 5% do rebanho mostram os sinais da falta de um mineral, porque os outros, apesar de não mostrarem ainda sintomas, também já estão prejudicados pela deficiência em causa.

            Em solos argilosos a carência é imposta pelo mau arejamento do solo e pelo deficiente desenvolvimento das raízes. As pastagens permanentes que conseguem formar raízes abundantes somente até 3 cm de profundidade exploram quase que exclusivamente a camada superficial, isto é, a camada mais levada e judiada do solo e, em consequência, as plantas são deficientes, por falta de manejo adequado de pastejo.

            Acontece que a deficiência surge, também, devido a um desequilíbrio e relação a outros minerais. Assim, por exemplo, a relação de cálcio: fósforo deve ser de 2:1 ou no mínimo 3:1 na planta. Se é maior, o animal sente a deficiência. A relação de cálcio: potássio deve ser de, no mínimo, 6:1 no solo, para que a planta possa absorver e utilizar o potássio. Assim sendo, um nível baixo de cálcio pode provocar a deficiência de potássio.

            Assim, a eliminação da deficiência nem sempre pode ser feita pelas simples adubação das pastagens, baseada nestes sintomas, mas somente após exames químicos e biofísicos do solo e da vegetação, os quais determinam a causa da falta de um ou de outro mineral no metabolismo das forrageiras e finalmente no metabolismo do animal.

Link para acessar a palestra: https://anamariaprimavesi.com.br/2021/08/22/o-gado-leiteiro-e-seu-pasto-palestra/

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